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Miguel Uchôa
A paixão estará sempre ligada ao exterior, ao que chama a atenção, enquanto o amor estará sempre atraído pelo interior, pelo caráter, pelo que a presença do outro traz de satisfação e faz enfrentar as adversidades. Em outras palavras, o amor ama pelo que o outro é, e não pelo que ele possui, em todos os sentidos.
Não sou descrente do que se chama de amor à primeira vista, mas creio que isso acontece com muita raridade. Na maioria esmagadora das vezes, a paixão se encarrega de encantar no primeiro contato. Esse sentimento pode evoluir para o verdadeiro amor, mas, quando estanca na paixão, ele é marcado pela superficialidade. Enquanto isso, o amor requer maior conhecimento, e isso significa que ele cresce com o tempo, amadurece no dia a dia. Isso leva ao “amar apesar de” — amar sabendo a quem se ama.
A paixão tem a marca da instabilidade. Seu humor sofre variações, às vezes incompreensíveis, enquanto o amor se mostra estável e seus interesses são constantes, firmes e, acima de tudo, sinceros.
A paixão toma conta da pessoa a ponto de inverter suas prioridades. Ela produz uma dedicação cega e, às vezes, insana. Leva o indivíduo a viver fora da realidade. Você já deve ter visto ou convivido com alguém apaixonado por uma pessoa que sabidamente não é confiável, mas ele insiste, não enxerga, e não ouve a família que só quer o seu bem. O amor, em contrapartida, mantém o equilíbrio. Os valores seguem na hierarquia correta. Deus está em primeiro lugar, mas a família nunca
é desprezada. O amor, como vimos em 1Coríntios 13, não é egoísta, “não procura seus interesses”.
O amor é “ensinável”: ele escuta, se interessa em crescer pelo exemplo e pela experiência de outros. Quem ama, por conta de se manter em equilíbrio, ouve. Já a paixão não quer escutar ninguém. Além de cega, ela é surda. Naturalmente, existem muitas outras diferenças entre paixão e amor. Essas são apenas algumas que despertam mais atenção.