Vejam o que leio no blog/veja.com de Tony Bellotto (trechos) o texto completo se encontra em www.veja.com/tonybellotto
Ave, Amy. Never mind the bollocks. E, por favor, NÃO descanse em paz. Imagino que descansar em paz não seja mesmo o seu ideal de uma eternidade perfeita.
…deixe que as palavras entrem por um ouvido e saiam por outro. Todas essas explicações que não explicam nada, o esmiuçamento obsceno da tua vida,… a avidez da mídia em sugar você até a última gota, a cafonice das homenagens póstumas…
Continue, por favor, a inspirar os jovens artistas com a sua irreverência e a sua recusa em se transformar numa cantora domesticada, dessas que fazem média com todo mundo e entretém a plateia como se tudo fosse uma questão de levantar os braços pra cima e bater palmas todo mundo cantando junto. Continue nos ensinando que a vida é mesmo incontrolável e sem sentido…
Então toda vez que ouvir uma música sua, vou fingir que você está vivinha da silva… Aqui em casa diremos às crianças – como se diz sempre que morre um parente, um amigo ou animal querido – que você foi fazer uma longa viagem e que não sabemos quando volta.
Por Tony Bellotto
Sr. Tony fiz meu comentário no espaço da veja e entre outras coisas disse que não podia entender como alguém que entendo ser esclarecido pode fazer uma homenagem desse tipo a alguém que não deixou legado de positividade, a alguém que levou consigo, para o túmulo uma vida vazia, confusa e em profunda e constante crise.
Não Sr. Tony, não era apenas uma jovem artista irreverente, essa sem dúvida era uma marca dela, mas isso era pouco diante do que ele viveu, fez uso e defendeu abertamente em suas canções.
Sr. Tony eu não posso entender que alguém assim tenha deixado exemplo ao ponto de ser uma inspiração para essa geração que já tem parte dela perdida e sem propósito na vida.
Sr. Tony a Amy, não era apenas uma cantora não domesticada, eu também acho isso horrível, gosto da irreverência do artista, mas não foi só isso. Em quem e em que nossos jovens se inspirarão? No uso de drogas, na dependência de uma alcoólatra, nos exemplos dos shows cancelados por falta de condições físicas devido ao uso excessivo do álcool e o domínio das drogas. Será irreverência Sr. Tony ou o nome mais apropriado seria irresponsabilidade?
Sabe Sr. Tony, eu não aponto meu dedo para ela simplesmente a culpando, não quero julgá-la porque por detráz de tudo aquilo e toda aquela vida existia muito mais do que uma simples irreverência. Somente ela e Deus podem saber o que era mais profundo em seu ser. Mas me admira o senhor, isso me chama a atenção.
Sr. Tony, pedir para que se continue ensinando que a vida é incontrolável e sem sentido? É isso que o senhor quer que seus filhos aprendam, é isso que você conversa no café da manhã com seus filhos ou netos? O Senhor ensina para eles, já que ela não poderá mais ensinar, que assim é a vida? O Sr. pode dizer às suas crianças o que quiser Sr. Tony, eu continuarei dizendo a meus filhos que lamentavelmente mais um talento musical se perdeu junto com Cazuza, Elis Regina, Elvis Presley, Jimmy Hendricks e outros mais. Porém esse talento não foi suficiente para dizer a eles mesmo que a vida vale mais do que apertar um baseado, cheirar uma fileira, entornar vários copos.
Sr. Tony. a vida tem sim sentido, quando descobrimos que o sentido dela se encontra em descobrir o propósito para o qual fomos criados. Não acredito que o propósito para o qual essa jovem moça foi criada tenha sido fazer apologia de drogas e álcool e levar parte de uma geração a se afundar nessa alienação total.
Não Sr. Tony eu não posso, não quero e não vou esconder de meus filhos e netos que uma vida por mais talentosa que seja pode se perder se não encontrar sentido para ser vivida e a única maneira disso acontecer é um encontro pessoal com o criador através de Jesus Cristo.
Lamento Sr. Tony, mas custo a acreditar que é isso que você ensina aos seus filhos, netos e tenta passar para essa geração jovem que está diante de você. Sendo alguém com tanta visibilidade e acesso a mídia, creio que deveria, se me permite sugerir, encontrar uma maneira de ajudar essa geração a encontrar um norte, uma direção, um sentido para a vida que não seja ficar levantando as mãos e acompanhando canções que confundem prazer com hedonismo e motivam frustrações maiores.
Desculpe Sr. Tony, mas não acredito que o senhor de fato vai dizer isso às suas criancinhas porque não acredito que o senhor queira para elas o mesmo lamentável fim da Amy.