Aos fiéis em Cristo de todos os ramos imperfeitos da Igreja Cristã
Graça e Paz
De muito tempo questiono alguns aspectos que, para alguns, se tornaram “vacas sagradas”. Eu explico, certa vez questionei a questão da sucessão apostólica, perguntei se ela estava vinculada à fidelidade ao rito, à imposição de mãos em si, ou à fidelidade ao ensino apostólico, que apenas em conjunto com o rito, seja ele alto ou baixo, e, com a imposição de mãos por seguidores do ensino apostólico, poderá ser considerada uma genuína sucessão apostólica.
Recentemente uma igreja de governo episcopal no Brasil, lançou uma carta aberta qualificando quem respondia pela Igreja Anglicana no Brasil, e assim, desqualificando um largo grupo de igrejas que tinham em seus nomes o termo anglicano ou episcopal. Não conheço a maioria delas e por isso não as julgo. Dizia a citada carta aberta, que essas igrejas, e listou 24 delas, não possuíam vínculo com a Sé de Cantuária , Conferência de Lambeth, Conselho Consultivo Anglicano e o Encontro dos Primazes. Tão pouco mantém qualquer relação com a Igreja da Inglaterra.
Lembrou ainda a referida carta que, no Brasil, a Comunhão Anglicana é representada oficialmente por aquela que escrevia a carta e que aquelas outras 24 igrejas por ela “ditas anglicanas” não tinham relações ecumênicas nacionais e internacionais com uma série de entidades.
Como sou Bispo Diocesano da Igreja Anglicana-Diocese do Recife, eleito legal e canonicamente, registrado em cartório, Sagrado pela imposição de mãos de 7 bispos Legitimamente anglicanos, sucessores dos apóstolos e de todas as suas doutrinas , pensamentos e visão, cumprindo o ordinal anglicano histórico, respaldado por um conselho de 12 legítimos arcebispos e primazes das principais províncias anglicanas do globo, aquelas que mais tem defendido a doutrina apostólica, aquelas que mais tem levado pessoas a Cristo, aquelas que mais tem crescido e se expandido neste mundo, aquelas que mais tem guardado o fiel depósito de fé cristã e apostólica e que juntas representam hoje a maioria de toda a membresia da Comunhão Anglicana.
Lidero 65 pastores e pastoras que representam hoje 45 congregações com alguns milhares de membros. Sou Reitor de uma das mais dinâmicas Igrejas Anglicanas das Américas. Como Igreja Diocese somos membros fundadores da Aliança Cristã Evangélica, da Fellowship of the Confessing Anglicans, e do GAFCON. Somos supervisionados pastoralmente pelo arcebispo da Igreja Anglicana do Cone Sul e da ACNA, Igreja Anglicana da América do Norte, mantemos relacionamento com entidades e agencias anglicanas como Church Missionary Society (CMS), Society of Missionaries and Senders (SAMS USA), South American Missionariy Society (SAMS Ireland), Church Mission among the Jews (CMJ) a instituição missionária anglicana mais antiga no Oriente Médio, Anglican Maistream e mais conselhos de pastores, grupos nacionais e internacionais, recebemos e, enviamos missionários para igrejas e dioceses anglicanas e não anglicanas… preciso dizer algo
Sim, de fato aquela igreja de governo Episcopal no Brasil, está certa, não temos comunhão com esse restante da Comunhão Anglicana e com outros grupos que, não confessam a totalidade da fé apostólica, que enxergam os credos e as declarações de fé da igreja assim como os 39 artigos de religião apenas como documentos históricos sem força de doutrina ou prática de fé, que veem a Bíblia como um dos muitos livros sagrados, que conseguiram destruir o conceito bíblico judaico/cristão milenar de família e casamento, que homologam e defendem a normalidade das relações homo afetivas, que entendem Jesus apenas como um caminho a Deus assim como tantos outros. Fomos nós mesmos que fizemos questão de declarar o nosso não alinhamento com essas correntes Anglicanas há quase uma década.
Sendo assim, mais uma vez, declaramos nessa Carta também Aberta que somos crentes em Jesus Cristo, que O confessamos como único e suficiente salvador, que aguardamos a sua vinda em glória e que, enquanto isso não acontece, seguimos procurando obedecer seu mandato deixado claro e mais explicitamente em Mt 28: 18-20, que cremos na Bíblia como Palavra Revelada de Deus e única regra de fé e prática.
De fato, não temos assento na Conferência de Lambeth ou no Conselho Consultivo Anglicano, sequer no Encontro dos Primazes e não mantemos uma relação oficial com a Igreja da Inglaterra ou com a Sé de Cantuária, temos sido escutados por eles eventualmente recebidos. Mas nem por isso, deixamos de ser Anglicanos.
Assim, como disse um dia o Bispo Robinson Cavalcanti, não queremos ser Anglicanos, Já o somos! E, como seu sucessor apostólico, complemento, nos apraz sermos Cristãos, Evangélicos necessariamente nessa ordem e depois Anglicanos, ligados a esse modo de ser cristão que há muito, já deixou de lado suas fronteiras e que não possui marca registrada senão o depósito, apostólico.
Assim, continuamos nossa missão, mas sempre orando para que a Comunhão Anglicana possa ainda viver o melhor de seus tempos, porque cremos sempre que o melhor de Deus ainda está por vir.
Recife, 26 de Maio de 2013
+Miguel Uchôa
Bispo Anglicano
Recife