Fui convidado para ministrar sobre esse assunto “Autêntica Adoração”. Provavelmente me chamaram porque souberam de uma ministração que fiz nos EUA sobre Deus – Igreja – Criatividade. Aceitei o desafio, e digo desafio porque sempre admirei a forma e a autenticidade da adoração nas igrejas africanas. Como anglicanos, estamos sempre interessados em aprender um pouco mais, ao chegar ali e interagir com os líderes, compreendi o porquê desse assunto ser necessário e de terem me chamado para esse momento.

Posso começar a compartilhar um pouco sobre o que não é adoração autêntica e listar algumas das marcas dessa negação.

  1. Adoração autêntica não é uma tradição

Faz parte da nossa tradição porque a adoração autêntica remonta ao Antigo Testamento (Salmo 150) nos fala sobre isso e dá detalhes sobre uma verdadeira adoração que muitos negam, mesmo estando explicito nas escrituras.

Passa pelo tempo apostólico e a igreja primitiva (Atos 2:42-46) mostra como a igreja adora a Jesus na simplicidade da sua vida comunitária, chega à idade média e começa a se perder na sua essência e crescer na formalidade e vem a se tornar um imenso conjunto de ritos que perde o sentido, a essência e a autenticidade do cristianismo primitivo. Chega era moderna com a reforma protestante e, para nós, Anglicanos, com Thomas Cramer reestruturando o culto público e a adoração, trazendo a Bíblia de volta para o centro da adoração e o uso no vernáculo nas celebrações. Cremer, uma figura central na adoração da Reforma, tinha uma visão profunda e inovadora para sua época sobre a adoração.

Ele moldou a prática litúrgica da Igreja Anglicana e fez algo muito impactante para sua época. Moldou um livro de Oração Comum, onde a Bíblia e a pregação seriam o centro. Para um povo confuso com as frequentes mudanças de sé, teologia e doutrina, associado ao analfabetismo do povo, inclusive de parte do clero. A Bíblia deveria ser lida nas celebrações em m conjunto de textos que ao longo do tempo completaria toda a leitura da escritura publicamente. Isso foi revolucionário para a época

Ele compilou 12 sermões, (seria o pioneirismo em pregação em séries?) e publicou o 1º livro das homilias. Texto ortodoxo biblicamente e que abrangeu vários assuntos e ainda hoje são necessários e atuais.

Como m verdadeiro “arquiteto” da Reforma Inglesa, Cranmer procurou extirpar da igreja todo o que era chamado de “romanismo” e que resultou em várias mudanças significativas na liturgia e na prática religiosa da Igreja da Inglaterra. Algumas das principais supressões e alterações feitas na liturgia pela reforma inglesa incluem:

  • Supressão da Missa Católica Romana: A missa tradicional da Igreja Católica foi substituída por serviços de culto em inglês, em vez de latim, e a ênfase foi deslocada da Eucaristia como sacrifício para a comunhão como um ato de lembrança.
  • Eliminação de Rituais e Cerimônias: Muitos rituais considerados excessivamente católicos ou não bíblicos foram eliminados. Isso incluiu a remoção de práticas como a adoração de relíquias, a veneração de santos a utilização de imagens religiosas e outros símbolos que não refletiam a fé bíblica.
  • Supressão do uso de vestimentas medievais: O uso da estola foi abolido junto com muitas outras vestimentas e adornos que foram proibidos e considerados “supersticiosidade latina” por exemplo as alvas, túnicas, sinos de mão, água santa entre outras estavam entre as que deveriam ser destruídas. Como exemplo as estolas foram proibidas por cerca de 300 anos após a reforma voltando ao uso após o movimento tractariano conhecido como “movimento de Oxford” liderado por John Newman que depois se tornou cardeal romano.
  • Mudanças nos Sacramentos: A Igreja Anglicana reconheceu e se mantem até hoje reconhecendo apenas dois sacramentos (Batismo e Eucaristia) como sendo instituídos por Cristo, em contraste com os sete sacramentos reconhecidos pela Igreja Romana.
  • Revisão do Livro de Oração Comum: O Livro de Oração Comum, que foi introduzido em 1549 e revisado em 1552, estabeleceu uma nova liturgia que refletia as crenças reformadas. Ele incluía orações, leituras bíblicas e a celebração da Eucaristia em inglês.
  • Redução do Clero e da Hierarquia: A Reforma Anglicana também levou a uma diminuição do poder e da influência do clero, com uma ênfase maior na leitura da Bíblia e na pregação.

Essas mudanças refletiram uma tentativa de reformar a Igreja da Inglaterra, distanciando-a das práticas católicas romanas e buscando uma forma de cristianismo que fosse mais alinhada com as ideias da Reforma Protestante. E tudo isso tinha o objetivo de trazer a igreja de volta para a Autêntica Adoração.

Mas a genialidade revolucionária e pioneira de Cranmer de fato não intencionava congelar as formas de adoração, ele trabalhou no seu tempo, em um contexto inglês e diante das necessidades de uma igreja que praticamente se limitava, em seu tempo, às ilhas Britânicas. O conceito de Anglicanismo é bem mais tardio (Século XIX) e ele sequer conheceu isso, mesmo sendo um homem de visão e além de seu tempo.

Por essa razão é importante trazer à memória algo que as vezes por conveniência ou mero desconhecimento as pessoas tendem a esquecer a razão pela qual Cranmer reformou o culto. Ele supervisionou a publicação dos 39 artigos de religião que é uma espécie de “métrica” para que a igreja não perca seu rumo. Vejamos então o que diz o artigo 34º 

34. DAS TRADIÇÕES DA IGREJA. Não é necessário que as Tradições e Cerimônias sejam em todos os lugares uma, ou totalmente semelhantes; pois em todos os tempos, elas foram diversas, e podem ser mudadas de acordo com a diversidade de países, tempos e maneiras dos homens, de modo que nada seja ordenado contra a Palavra de Deus….Toda Igreja particular ou nacional tem autoridade para ordenar, mudar e abolir Cerimônias ou Ritos da Igreja ordenados apenas pela autoridade do homem, de modo que todas as coisas sejam feitas para edificação

É muito importante definir bem o que consideramos a tradição e o tradicionalismo. Eis algumas sugestões.

Tradicionalismo e tradição são conceitos relacionados, mas têm significados e implicações distintas, particularmente em contextos culturais, sociais e religiosos.

Tradição refere-se aos costumes, práticas e crenças que são transmitidos de geração em geração. Representa a continuidade da cultura, valores e rituais dentro de uma comunidade ou sociedade. As tradições não são estáticas e podem evoluir com o tempo, mas estão enraizadas em práticas históricas que proporcionam um senso de identidade e pertencimento. Em essência, tradição é sobre as práticas compartilhadas e a sabedoria do passado que são mantidas no presente.

O tradicionalismo, por outro lado, é uma ideologia ou visão de mundo que enfatiza a adesão estrita aos valores e práticas tradicionais, muitas vezes resistindo à mudança ou modernização. Os tradicionalistas muitas vezes veem seus costumes como essenciais para a integridade e o tecido moral da sociedade e podem se opor a inovações que possam alterar essas tradições de longa data. Em alguns casos, o tradicionalismo está associado ao conservadorismo, onde o objetivo é preservar as estruturas existentes e resistir às influências progressistas ou modernas.

Resumindo, tradição é o conteúdo – costumes, crenças e práticas – transmitidos de geração em geração, enquanto o tradicionalismo é a mentalidade ou ideologia que busca ativamente preservar e proteger essas tradições, às vezes em oposição à mudança ou à modernidade.

Dito isso, é importante que tenhamos em mente as bases da formação da doutrina, liturgia, teologia e ethos de nossa igreja para que não ocorramos no equívoco de querer padronizar tendo como base a prática do século XVI que a nossa reforma decidiu reconstruir.

Assim, é importante reafirmar que não adoramos a Deus porque é uma tradição, mas porque nossos corações estão ansiosos para fazê-lo. Não podemos sobreviver sem adorar nosso Senhor e Deus. Nossa alma é sede de Deus como afirma o salmista

Como o cervo anseia por riachos de água, minha alma suspira ((anseio) por você, meu Deus. Minha alma tem sede de Deus, Salmo 42:1-2

Esta é a razão pela qual adoramos a Deus, não porque nossa família faz, nossos amigos fazem, nossa tradição faz. Mas porque há um vazio aqui no meu coração que precisa ser preenchido.

Quando a adoração é feita sem convicção, apenas para se adequar às expectativas culturais, familiares, ou a uma tradição ou crença pessoal, fatalmente faltará autenticidade e terminará por ser repleta de:

  • Ritual sem significado

Envolver-se em rituais ou práticas religiosas mecanicamente, sem engajamento ou compreensão genuínas, pode ser visto como inautêntico. A adoração precisa vir de um lugar de conexão pessoal e reverência, em vez de apenas seguir regras ou ritos (prática judaica).

  • Participação superficial.

Quando a adoração é mais sobre aparências ou status social do que devoção sincera, pode faltar autenticidade. Isso inclui participar da adoração para obter aprovação ou para exibição, em vez de ser devido a uma crença verdadeira ou respeito.

  • Desempenho e foco egocêntrico

Envolver-se em adoração, enquanto vivemos de uma maneira que contradiz os princípios de nossa fé pode ser visto como inautêntico. Muitas vezes, espera-se que a verdadeira adoração se alinhe com as ações e valores de alguém, tanto dentro quanto fora das práticas religiosas.

A adoração focada principalmente no ganho pessoal, como buscar poder pessoal, em vez de honrar a Deus ou servir aos outros, pode ser considerada inautêntica. Poderíamos acrescentar muito mais sobre o que não é adoração autêntica, mas isso é o suficiente para melhor entendimento. Prefiro refletir sobre o que é uma “Adoração Autêntica”.

Então, vamos começar aqui perguntando quais são as marcas de uma adoração autêntica?

Podemos começar a tentar definir o que é adoração? Porque para adorar autenticamente precisamos entender o que é Adoração. Por definição, é o ato de reverenciar e honrar algo ou alguém que consideramos sagrado, é o nosso relacionamento com Deus.

A “adoração autêntica” é fundamental porque nos ajuda a nos conectar com Deus em um nível mais profundo e significativo, moldando nosso caráter e transformando nossas vidas. Pode incluir cantar, mas é muito mais do que isso, porque é a intenção do nosso coração. Como algo que vem do coração, não apenas dos lábios, é a nossa intenção e sinceridade que conta.

A adoração é um ato de amor e devoção. Paulo diz aos romanos.

Se você declarar com sua boca: “Jesus é o Senhor”, e crer em seu coração que Deus o ressuscitou dentre os mortos, você será salvo. Pois é com o seu coração que você crê e é justificado, e é com a sua boca que você professa a sua fé e é salvo. Romanos 10,9-10

Mas muito antes dele, o profeta diz…

O Senhor diz: “Este povo se aproxima de mim com a boca e me honra com os lábios, mas o coração está longe de mim. Sua adoração por mim é composta apenas de regras ensinadas por homens. Is 29:13

Vamos explorar um pouco do que um culto autêntico deve ter

  • Sinceridade

Como a adoração autêntica vem do coração. Há um abismo entre seguir apenas um ritual por obrigação e adorar a Deus com uma verdadeira devoção. Um bom exemplo da Bíblia de uma adoração inautêntica é como os fariseus adoravam. Eles faziam isso publicamente em praças, e para que todos ouvissem, mas seu coração estava longe de Deus, faziam isso por desempenho, performance não por causa de sua devoção. Já o publicano, sem rituais ou processos burocráticos, derrama seu coração em uma devoção sincera.

Dois homens subiram ao templo para orar, um fariseu e o outro cobrador de impostos. O fariseu ficou sozinho e orou: ‘Deus, eu te agradeço porque não sou como as outras pessoas — ladrões, malfeitores, adúlteros — nem mesmo como este cobrador de impostos. Jejuo duas vezes por semana e dou um décimo de tudo o que recebo. Mas o cobrador de impostos ficou à distância. Ele nem sequer olhava para o céu, mas batia no peito e dizia: ‘Deus, tem misericórdia de mim, pecador. “Eu lhes digo que este, e não o outro, voltou para casa justificado diante de Deus. Pois todos os que se exaltam serão humilhados, e os que se humilham serão exaltados.” Lc 18,10-14

Todos nós somos pessoas sábias para aprender a lição, uma adoração autêntica precisa ser sincera. Quando você colocar sua cabeça no travesseiro hoje esteja ciente e justificado porque você adora Jesus como deve ser feito, com todo o seu coração e mente, com suas vísceras em sinal de que vem de seu mais íntimo interior.

  • Reverência e humildade

Para isso, é necessário reconhecer plenamente a grandeza de Deus! A Bíblia nos ensina que um coração humilde é o que se aproxima do Senhor. Quanto mais humildade, mais perto estou de Deus. 

Abre os meus lábios, Senhor, e a minha boca anunciará o teu louvor. Você não se deleita no sacrifício, ou eu o traria; você não tem prazer em holocaustos. Meu sacrifício, ó Deus, é “um espírito quebrantado; um coração quebrantado e contrito que você, Deus, não desprezará. Salmos 51:15-17

Preste atenção a cada parte deste versículo. 1º ele declara sua reverência quando reconhece a grandeza do Senhor, isso nos leva à reverência: “Você não se deleita no sacrifício, ou eu o traria, 2º Ele mostra que conhece o coração de Deus. você não tem prazer em holocaustos. Em seguida, 3º e mais importante, ele mostra qual é o seu ato de adoração, ó Deus, Meu sacrifício é “um espírito quebrantado; um coração quebrantado e contrito que você, Deus, não desprezará

Isso não é lindo? É maravilhoso quando entendemos o que é um coração sincero, reverente e humilde para adorá-Lo. Então mantenha-se justificado com um coração humilde e reverente busque e adore o Senhor de uma forma autêntica

  • Transparência e confiança

Sejamos abertos e honestos com seu Deus pai, expressando verdadeiramente nossas alegrias, dúvidas e frustrações. A adoração é um ato de relacionamento, não de religiosidade. Como ousaríamos não ser transparentes com o Senhor? Isso é insanidade, pois ele sabe tudo, conhece nossos corações, nossos pensamentos, como nos comportamos.

Nada em toda a criação está oculto à vista de Deus. Tudo é descoberto e exposto diante dos olhos daquele a quem devemos prestar contas. Hebreus 4:13

Isso é básico, talvez o primeiro passo para entender o que é uma adoração autêntica. Você não precisa mudar seu tom de voz, não precisa usar um vocabulário formal nem gestos pré-estabelecidos, as pessoas às vezes quando começam a falar com Deus, mudam isso e torna-se formais, como se o Pai se incomodasse com seu vocabulário ou tom de voz.

Entenda isso, você está no colo de seu Pai, você pode confiar Nele, Ele te ama, Ele quer ouvir sua voz real, seus dilemas reais. Quando você adora a Deus, quando fala com ele, quando O louva, seja o mais transparente possível e confie nele que ele vai ouvi-lo e lidar com você.

Você precisa entender isso.

Ser transparente é deixar os olhos de Deus entrarem para ver e tirar todo o mal que há em nós.

Nossa mente e coração são onde nossas ações nascem. Eles são a fábrica do nosso comportamento. Os olhos de Deus são capazes de penetrar e transformar, mas para isso é necessário ser transparente e confiável. Ritos e cerimonias vazias não colaboram com isso.

Agora, estou chegando à segunda parte de meu raciocínio. Como já sabemos o que é uma adoração autêntica, precisamos saber quais são as barreiras para uma adoração autêntica. Uma das maiores barreiras para a adoração autêntica são estas

BARREIRAS À AUTÊNTICA ADORAÇÃO

  • Tradicionalismo que bloqueia a criatividade

Quando nossas práticas se tornam meros hábitos sem sentido.

A tradição é a fé viva daqueles que morreram, o tradicionalismo é a fé morta daqueles que estão vivos.

Isso é muito divino porque Deus é um Deus criativo, certo? Ele nos deu todas as habilidades para sermos criativos e sermos abençoados por sua mente e propósitos criativos. Acho que o grande problema disso é sobre nós.

Temos limitado Deus tentando colocá-lo em uma caixa que nunca caberia Nele. Não sei exatamente por que fazemos isso, mas para ser sincero, acho isso um problema. A Igreja no século 21, uma sociedade em metamorfose e uma igreja estancada no século XVI, isso me parece irracional.

Precisamos mudar, o mundo muda, as pessoas mudam, as artes mudam, a sociedade muda, mas parece que algumas pessoas querem que a igreja seja a mesma. Tenho experimentado um bom número de mudanças em minha vida e ministério. Minha formação me permite pensar um pouco fora da caixa

Sou um homem do mar, cresci pescando, surfando, remando, minha tribo sempre foi aquela que não se encaixava exatamente no que as pessoas chamariam de “Igreja”, eu adorava rock, me vestia diferente. Desde que me recordo, nunca consegui caber em uma caixa apenas.

Quando me tornei cristão, procurei pessoas com quem pudesse me identificar. Então, passei um tempo com o “Jesus People” no Brasil “Meninos de Deus”. Porque eles falavam meu vocabulário, meu jeito e falavam de Jesus.

Como pastor, tento ser o mais criativo possível. Temos um ditado em nossa igreja que diz assim:

“Um novo tempo, o evangelho de sempre”

Para ser criativo, você não precisa fazer o mesmo que Cranmer fez, mas fazer o que ele faria hoje. Não temos nenhum problema em mudar e inovar nada, desde que mantenhamos a mensagem do evangelho.

Há um livro de D.A. Carson chamado “louvor” e um capítulo foi escrito por um pastor anglicano Mark Ashton, onde ele tenta repensar o que Tomas Cranmer pretendia quando construiu o LOC. E mesmo sendo um homem da tradição ele procurou mostrar a necessidade de adaptação das realidades. Ele diz isso

“nunca foi o desejo de Tomas Cranmer congelar a liturgia anglicana por séculos para acabar perdendo sua relevância cultural e reintroduzir a obscuridade da igreja, aspecto que ele trabalhou duro para remover

Usar a criatividade é uma maneira de trazer o frescor de Deus para nós. Visitei muitos lugares e igrejas em diferentes partes do mundo. Mas eu ouvi, um dia de alguém ensinando sobre criatividade dizendo que “A ansiedade inibe a criatividade”, ele estava tentando ensinar sobre a espontaneidade que devemos buscar quando ministramos a Deus e ao povo de Deus.

Mentes criativas não são como um botão que você clica e funciona, precisa trabalhar. Exercite-se porque seu cérebro é seletivo e precisa ser treinado, quando você renova sua mente, você capta novas ideias

A criatividade nos ajuda a evitar o óbvio e você pode usá-la em sua música, artes, pintura e sermões. As pessoas ficam entediadas quando você diz o óbvio. Se eu puder lhe dar um conselho sobre isso será esse: Fuja do óbvio, surpreenda sua congregação com adoração autêntica

  • Quando a inovação não é um valor

Aquele que estava sentado no trono disse: “Estou fazendo novas todas as coisas!” Então ele disse: “Escreva isso, pois essas palavras são confiáveis e verdadeiras”. Ap 21, 5


Eu vejo isso como fundamental. A criatividade nasce como fruto de um ambiente onde é cultivada. Quem valoriza a inovação não elogia apenas o que está feito, mas as novas formas de fazê-lo novamente e assim,  estão dispostos a arriscar, ouvindo o novo e olhando para o que ainda não existe.

Eu posso dar um exemplo, costumo dizer às pessoas que somos anglicanos, mas não somos britânicos, com todo o respeito aos nossos irmãos e irmãs das ilhas. Não precisamos voltar ao século da reforma para adorar a Deus como eles adoraram. Estamos no Sul Global, temos sangue quente.

  • Se há insegurança para ver o que os outros estão fazendo

Portanto, encorajem-se uns aos outros e edifiquem-se uns aos outros, assim como de fato vocês estão fazendo. 1 Ts 5:11

Uma coisa que limita a criatividade é limitar-se ao que já foi feito. Dê uma volta, veja o que as pessoas estão fazendo, veja se é aplicável à sua realidade e adapte.  Lembre-se de que o que também bloqueia a criatividade é sempre copiar e colar. Em muitos rincões anglicanos, o que se tem feito é “Control C , Control V” do século XVI.

Existe muita coisa nova e muita coisa boa acontecendo na Igreja deste século e em todo canto. Da mesma forma, não copiamos tudo, de lugar algum, sem propósito. Deus te me dado o privilégio de conhecer o mundo anglicano e o mundo cristão em diferentes nações. Sempre tenho comigo no meu bloco de notas um arquivo chamado “dicas de viagem” quem vê pode pensar que se trata de pontos turísticos, lugares a serem visitados…mas não, são anotações do que vejo e procuro entender se é aplicável, se cumpre o propósito e se sim, aplicamos e adaptamos a nossa realidade. São mais de 30 anos fazendo isso e o resultado muitos sabem.

Quem tem temor de copiar o que é bom, terá dificuldades de experimentar os novos sabores

  • Quando não há visão

Onde não há visão, o povo perece PV 29:18

Aprendi que o sobrenatural não é apenas sobre cura e milagres, mas sobre uma visão ampla e apostólica. Os lugares mais altos dão a você uma visão ampla. Um líder precisa estar em lugares mais altos para levar seu povo para o lugar certo. Sempre procurei estar perto de quem enxerga melhor e vê adiante. Isso me ajudou e ajudará qualquer um a levar seu povo para um lugar seguro.

  • Quando sacramentalizamos o passado

Quando alguém está fixado no passado e mantido nas tradições humanas, dificilmente verá as possibilidades de criatividade e inovação. O novo virá de um coração que não se sente confortável com o que foi realizado no passado. Gostamos do que já vivemos, mas olhamos para o futuro e para as suas necessidades, então a criatividade e a inovação surgirão.

A igreja deve ser um lugar onde a criatividade floresce! E devemos ser as pessoas que fariam isso acontecer. Estamos perdendo uma geração porque nos preocupamos demais em manter as tradições. Olhe para o cenário mundial, artes, artistas, músicos, filmes, publicidade, em todos os lugares há pessoas sempre inovando.

Agora olhe para as igrejas, que estão tentando manter sua história, que está no passado e, fazendo isso, estão perdendo uma geração inteira. Sinto muito, mas não estou com isso

Quero me manter construindo uma igreja inovadora e criativa

Estou tentando, pelo menos estou

Cultos inovadores e criativos

Programas inovadores e criativos

Decoração inovadora e criativa

Ambientes inovadores e criativos

Isso nos levará a uma adoração autêntica

E o propósito de tudo isso é ALCANCAR TODAS AS PESSOAS PARA JESUS!

Nosso Deus é um Deus Criativo, Seu reino é um reino para exercitar a criatividade, ele nos deu mentes e cérebros para serem usados para sua glória. Quero concluir encorajando todos a continuar a buscar uma adoração que seja fiel à tradição, profunda em seu significado pessoal e inovadora em sua prática.

Espero que entendamos isso antes que seja tarde demais.

Mas lembre-se.

É um novo tempo, mas o evangelho de sempre.