Recebi de presente ainda no ano passado o livro “ The Radical Disciple”, autoria de John Stott. Dei uma folheada e coloquei na linha de sucessão de minhas leituras. Por estes dias recebi novamente a versão já em português da mesma obra e então passei a leitura da mesma. Um dia foi suficiente para imergir nas palavras objetivas e nos raciocínios profundos e cheios de amor que o autor, com facilidade incomum escreve.
Estive com John Stott em algumas ocasiões participando de encontros da Aliança Evangélica Anglicana, “bebi”de muitos de seus devocionais e exposições Bíblicas nestes encontros e de uma conversa aqui e ali em um corredor, que ele provavelmente jamais se lembrará, e que eu jamais esquecerei. Não posso dizer que sou seu amigo, mas sou seu irmão. Admiro seu estilo de vida e sua simplicidade aliados à sua sempre profundidade.
Nesse momento fechei a ultima página, não sem antes ler o que ele mesmo chamou de pós- escrito, uma despedida das letras. Confesso que me entristeci, pois significa que não terei mais a chance de ler nada que tenha sido escrito diretamente por esse homem que durante décadas educou espiritualmente e discipulou à distância milhões de cristãos. John Stott foi um dos poucos cristãos, para não ser injusto com os que desconheço, que eu vi ser profundamente bíblico, especialmente evangelístico e com uma capacidade de exposição bíblica incomum.
Minha geração foi marcada por esse homem. Meus primeiros passos em aproximação a fé cristã se deram através da aliança bíblica universitária (ABU) na Universidade Federal Rural de Pernambuco onde cursava Eng. de Pesca. Ali encontrei amigos que haviam conhecido a Cristo e que se reuniam em intervalos de aula para estudos bíblicos e compartilhar de vida. Aproximei-me deles e de outros amigos da Igreja Anglicana em Boa Viagem e em pouco tempo, minha vida estava entregue nas mãos de Deus, eu havia me convertido.
Passados alguns dias de minha conversão aconteceu em Janeiro de 1980 o Congresso Nacional da ABU que tinha como expositor Bíblico em 2 Tm, nada menos que John Stott. A noite as palavras eram ministradas pelo então jovem pregador Caio Fabio de Araújo ( o mundo dá muitas voltas).
Desde então fui leitor assíduo das obras de John Stott. Aprendi as bases do Cristianismo com o clássico “Cristianismo Básico”, entendi a profundidade da cruz e a não banalizar seu significado com a obra “ A Cruz de Cristo” , quando me deparei com “ Ouça o Espírito ouça o mundo” tomei consciência do que significava equilíbrio na fé, “ A verdade do Evangelho” me mostrou a necessidade de sermos Uma Igreja, e como foi útil entender através de “ O Cristão numa sociedade não cristã” sobre meu compromisso com esse mundo e com os que sofrem. Entendi melhor a missão cristã lendo “ La mission Cristiana Hoy” e que nosso silencio era culposo em “ Our Guilty Silence” , mas não demorou para perceber que “ Crer é também pensar” e que existe um “ Authentic Jesus” aprendi o equilíbrio da vida no Espírito quando li “ Batismo e Plenitude no Espírito Santo” . A essa altura, já havia me tornado um pregador e ajustei minha vida ao “ Perfil do pregador” e continuei firme dizendo “ I Believe in Preaching” . Minhas mensagens e estudos sempre foram temperadas com os “comentários aos Romanos” , “ Atos dos Apóstolos”, sobre o “ Sermão do Monte e tantos outros, além de ampliar minha compreensão de missão através da série de “ Comentários de Lousanne” . O “ Cristianismo Autentico” ficou mais claro para mim e me deleitei quando li “ A Bíblia toda o ano Todo” , me encantei lendo seus “ Salmos Favoritos” e em saber “ O que Cristo Pensa da Igreja” . Percebi que fazia parte de um grupo de “ Homens com uma Missão” .
Hoje, procuro ser um “ Discípulo Radical” e sigo nessa difícil tarefa de colocar minhas raízes mais profundas emaranhadas com a Palavra de Deus, a Bíblia Sagrada, pregando sempre “ A verdade do Evangelho” .
Que Deus abençoe esse homem que hoje, rumando para um século de vida, transformou e formou a vida de muitos nestes últimos séculos.
Até Breve meu irmão John e muito obrigado!
Miguel Uchôa