Declaração da Igreja Anglicana no Brasil sobre a benção a casais do mesmo sexo na Igreja da Inglaterra

Declaração da Igreja Anglicana no Brasil sobre a benção a casais do mesmo sexo na Igreja da Inglaterra

Pregue a palavra; estar preparado na estação e fora de época; corrija, repreenda e encoraje — com grande paciência e cuidadosa instrução. Pois virá o tempo em que as pessoas não suportarão a sã doutrina. Em vez disso, para atender aos seus próprios desejos, eles reunirão em torno deles um grande número de professores para dizer o que seus ouvidos coçando querem ouvir 2 Tm 4:2-5

A DECLARAÇÃO DA IGREJA ANGLICANA NO BRASIL

Após a divulgação na mídia nacional e internacional sobre a decisão do Sínodo Geral da Igreja da Inglaterra de “abençoar” as uniões do mesmo sexo, a Igreja Anglicana no Brasil se une às conclusões da GSFA (Global South Fellowship of Anglican Churches e da GAFCON (Global Anglican Future Conference) e entende a necessidade de fazer os seguintes esclarecimentos.

  1. A Comunhão Anglicana compreende mais de 40 províncias autônomas, que são igrejas nacionais e, em alguns casos, multinacionais, envolvendo mais de um país. Seus cânones os governam. E espera-se que vivam em unidade com as outras Províncias da Comunhão.
  2. Os anglicanos na Inglaterra formam “A Igreja da Inglaterra”, e é uma dessas mais de 40 províncias.
  3. A decisão tomada pela Igreja da Inglaterra em seu sínodo nacional esta semana não afeta as outras igrejas da Comunhão Anglicana e se aplica apenas a essa igreja.
  4. A Igreja Anglicana no Brasil faz parte de anglicanos em todo o mundo que permanecem fiéis às Sagradas Escrituras do Antigo e do Novo Testamento e seguem as resoluções estabelecidas por sua maioria na Conferência de Lambeth em 1998, especialmente a relativa à sexualidade humana (resolução 1:10)
  5. A Igreja Anglicana no Brasil faz parte da GAFCON (Conferência Global para o Futuro do Anglicanismo), signatária da “Declaração de Jerusalém” e membro da Global South Fellowship of Anglican Churches (GSFA), que reúne mais de 70 milhões de anglicanos em todo o mundo que permanecem fiéis à Bíblia como a Palavra de Deus.
  6. A Igreja Anglicana no Brasil refuta o revisionismo bíblico que vem “rasgando” o frágil tecido da unidade da igreja.
  7. Como cristãos, amamos todos os seres humanos, vendo-os como criação de Deus e, como tal, em constante necessidade do amor e do perdão de Deus; de nós mesmos, também podemos identificar o pecado em nossas vidas.
  8. A união entre um homem e uma mulher é como biblicamente entendemos o casamento, por isso o defendemos e praticamos. (Gênesis 2:24)
  9. Nós nos voltamos contra a violência contra qualquer ser humano, apesar de sua identidade sexual, e reconhecemos a necessidade de cuidado pastoral para aqueles em conflito.
  10. Estamos ansiosos para o GAFCON IV em abril, quando, juntamente com milhares de anglicanos, oraremos, refletiremos e decidiremos os próximos passos a serem dados sobre o assunto.

DECISÃO DO ACiB

 Em reflexão e oração, o Conselho Executivo da Igreja Anglicana no Brasil decidiu: Declarar Quebra de comunhão com Dioceses, igrejas, instituições e líderes da Comunhão Anglicana que apoiam as resoluções do Sínodo Geral da Igreja da Inglaterra de 2023 sobre bênçãos do mesmo sexo. Também acreditamos ansiosamente que muitos anglicanos na Inglaterra mantêm a fé ortodoxa e estão sob ameaça, por isso oferecemos nossas orações e apoio de qualquer maneira possível.

The Most Revd. Miguel Uchoa

Arcebispo e Primaz

Presidente do Conselho Executivo

Carta Nação – Colégio Episcopal- Igreja Anglicana no Brasil

Carta Nação – Colégio Episcopal- Igreja Anglicana no Brasil

Aos Cristãos da Nação Brasileira, especialmente à família Anglicana no Brasil

Recife, 05 de outubro de 2022

Nós, bispos do Colégio Episcopal da igreja Anglicana no Brasil, chegamos até vocês para cumprir com o nosso ministério pastoral e profético de anunciar o Reino de Deus, denunciar toda injustiça e tudo aquilo que se levante contra os valores deste Reino. Para tal nesse período eleitoral e decisivo da nossa nação, recomendamos que:

  1. Nenhuma de nossas igrejas devem ser usadas como tribuna para candidatos de qualquer partido
  2. Nossos clérigos não devem se envolver em campanhas de qualquer candidato
  3. Oremos, porque nossa nação precisa de nossos joelhos (1 Tm 2:1-2)
  1. Exerçamos nossa cidadania – Todo(a) brasileiro(a) devidamente habilitado(a) pode e deve exercer o direito de escolher um candidato. Recomendamos que não se abstenham, não se isentem, não sejamos omissos em um momento tão crítico da nação. (Mt 5:13-16)
  2. Atentemos para a importância da eleição- Além do presidente, 12 Estados ainda estarão escolhendo seus mandatários e nossa participação continua sendo fundamental. ( 1 Ts 5:21)
  3. Tenhamos serenidade diante de todo tumulto. A campanha eleitoral está acirrada. A serenidade é necessária diante de tanta confusão estabelecida nessa disputa. Recomendamos pensar e não se deixar manipular pelos discursos e promessas que são as mesmas a cada quatro anos. ( 2 Tm 2:23-24)
  4. Entendamos que obrigação não é proposta- Os candidatos a cada eleição afirmam com altivez que defenderão especialmente os pobres com os recursos para EDUCACÃO-SAÚDE-COMBATE A VIOLENCIA- SEGURANÇA. Lembrem que essas são parte das obrigações constitucionais do Estado e não benefícios que eles trarão. Eles são OBRIGADOS a fazer isso. Candidatos e seus apoiadores colocam esses temas como sendo uma grande proposta pessoal deles e não obrigação do Estado e de sua função de parlamentar. (Pv 14:31)
  5. Não nos deixemos manipular, observemos se há coerência. Sugerimos fazer uma pesquisa sobre o candidato e seus apoiadores, quem eles são, se há coerência em suas alianças e propostas.  (Mt 5:37)
  6. Priorizemos princípios e valores. Os valores Judaico-cristãos são a base da sociedade ocidental. Você como cristão(ã) deve lutar para preservá-los. Os legisladores estão entrando nos nossos lares e contra o direito da família, tem tentado educar nossos filhos através da criação de leis e estratégias dentro do sistema educativo. Não sejamos ingênuos, o mal não se apresenta raivoso, mas sonso. O que pensa o seu Candidato ou seus apoiadores a esse respeito? Abaixo alguns desdobramentos dos Princípios e valores que são inegociáveis e defendemos como cristãos (Pv 22:6)
    • Valores da família- A cristandade crê na família como a união de um homem e uma mulher com o proposito de ser feliz, de procriar e encher a terra da graça de Deus. Rejeitamos veementemente o que tem se chamado de “ideologia de gênero” abusando emocionalmente nossas crianças. A criação de uma criança sem a presença masculina e a feminina traz malefícios comprovados cientificamente há muito. O que defendem os seus candidatos e seus apoiadores a esse respeito? (Js 24:15)
    • Valores éticos – A honestidade e a integridade são valores inegociáveis. Os candidatos devem ter seus nomes limpos e nunca terem atentado contra o erário publico, que drena as riquezas da nação. Recentemente vimos o nosso país ser alvo do maior escândalo de corrupção de nossa história e talvez do mundo. A corrupção não tem partido ou ideologia, ela é um mal do desvio dos propósitos de Deus. Como se comporta seu candidato a esse respeito? (Jó 15:16)
  7. Valores da vida – Como cristãos defendemos a vida e somos contra a interrupção da gravidez em qualquer fase dela, desde a fecundação. Entendemos o aborto como o assassinato de um não nascido indefeso. Não se pode argumentar que “mulheres estão morrendo por abortos ilegais “e escolher matar outro ser indefeso para salvá-la. Ambos devem ter direito a vida. O que seus candidatos e seus apoiadores pensam sobre isso? (Ex 20:13;Dt 5:17)
  8. Valores da justiça – Justiça na compreensão do evangelho é “fazer a coisa certa”, o cristianismo defende a igualdade de oportunidade para todos e o cuidado com os mais desprovidos e marginalizados da sociedade. Rejeitamos as sociofobias seja homo, hétero ou de qualquer tipo. Todos devem ser iguais perante a lei e todos devem ter deveres e direitos. (Jó 8:3)
  9. Ideologização do gênero humano – Entendemos que Deus criou homem e mulher para se completarem, crescerem e multiplicarem. O que vá além disso é opção pessoal de cada um e devem ser respeitados os que creem e os que fazem suas opções. (Gn 1:27)
  10. Valores espirituais – Sim entendemos ser importante avaliar a espiritualidade de seu candidato. O Estado é laico para não promover uma confissão, mas a nação é livre para viver de acordo coma sua espiritualidade. Nosso Deus é Jesus Cristo, rejeited optar por candidatos que se opõem a fé cristã. (Ex 20:3)
  11. Defendamos a livre iniciativa e o direito à propriedade – O Estado tem suas obrigações e a iniciativa privada deve ter sua liberdade. Defendemos a economia de mercado e entendemos que o Congresso Nacional e a Presidência da República tem o dever de promover uma economia equilibrada, fortalecer o acesso ao crédito, valorizar as riquezas nacionais, diminuir o tamanho do Estado para que haja geração de empregos que trará́ uma sociedade mais justa e, preservar o direito à propriedade combatendo as invasões delas. Nossa herança protestante dá valor a iniciativa privada com ética e honestidade e justiça. (Ex 20:17)
  12. Lembremo-nos dos mais necessitados Com seu voto, você tem a oportunidade para defender quem é mais vulnerável na sociedade. De acordo com a Bíblia, os governantes têm o dever de proteger os mais necessitados. Enquanto você analisa as políticas de cada candidato, não pense somente em você. Pense também em quem precisa de ajuda.( Pv 312:8-9)
  13. Entendamos que não há candidatos “ungidos” – A política é uma atividade nobre e deve ser exercida para o povo e em benefício dele. A Igreja não deve ser “cabo eleitoral”. A lei proíbe o uso da estrutura das religiões e da fé como plataforma de lançamento de candidatos. Estamos elegendo pessoas para fazer o bem da nação e não da “minha religião”. Qual a prática de seu candidato e de seus apoiadores a esse respeito? (1 Samuel 15:26)
  14. Denunciemos toda forma de corrupção. Ela destrói as bases produtivas e a economia da nação, drenando seus recursos e evitando que eles sejam utilizados em prol das obrigações inerentes ao Estado. Seu candidato ou seus apoiadores estão ou estiveram envolvidos em corrupção? (Ex 20:15)
  15. Defendamos o Estado Laico, mas não ateu- O Estado laico defende a liberdade religiosa e não prioriza nenhuma delas. Temos visto uma tentativa de se criar um Estado “Cristianofóbico”. Qual a postura de seu candidato e de seus apoiadores quanto a isso? (T 5:10-12)
  16. Rejeitemos a legalização do consumo de drogas- Entendemos que o que gera o tráfico de drogas são os consumidores. Muitos deles são vítimas outros são protagonistas e, conscientes ou não, se tornam os associados indiretos dos traficantes, sem consumidores não haverá́ tráfico. As drogas têm sido a causa de muitos dos maiores males que vive a sociedade mundial. Como Igreja temos lutado com nossas forcas com ou sem apoio do Estado na criação de redes de apoio e casas de recuperação de usuários de drogas. Entendemos que a educação e uma família equilibrada são o maior antidoto contra o uso de drogas. Essa tem sido a missão da Igreja. O que seu candidato e seus apoiadores pensam sobre isso? (1 Pe 5:8)
  17. Escolhamos candidatos- Existem candidatos e partidos que podem ser identificados dentro dessas recomendações. A escolha será́ sempre de cada um de nós, e as consequências da mesma forma, sempre serão sofridas por cada um de nós.

Essa é a nossa posição como Igreja de Jesus Cristo, que Deus nos abençoe e tenha misericórdia de nós.

Revmo. ++ Miguel Uchoa Cavalcanti

Bispo Diocesano de Recife e Primaz do Brasil

Revmo. + Marcio Meira

Bispo Diocesano de João Pessoa PB

Revmo. + Marcio Simões

Bispo Diocesano de Vitória PE

Revmo. + Evilásio Tenório

Bispo Auxiliar de Recife

Revmo. + Flavio Adair

Bispo Auxiliar de Recife Norte

 “Ai daqueles que fazem leis injustas, que escrevem decretos opressores para privar os pobres dos seus direitos e da justiça” (Isaías 10, 1)

Importantes Aspectos de Uma Celebração

Importantes Aspectos de Uma Celebração

Tenho acompanhado um “debate”, se assim posso chamar, em torno de liturgias, adoração, ordem de culto, músicas, hinos, instrumentos e parece sem fim tudo isso. Sou do tempo em que o violão começou a ser introduzido no templo, pois até então, apenas era autorizado nas reuniões da “Mocidade”. Bateria, essa misericórdia, demorou ainda muito mais.

Hoje, na realidade, percebo uma verdadeira “batalha” onde o fogo amigo se espalha e atinge a muitos com seus estilhaços da ausência de bom senso e o desejo de prevalecer. Isso deve ser visto como triste e lamentável. Nenhum reformador desejou isso, nenhum grande líder almejou prevalecer para que o outro irmão “perdesse”. Tenho tido o privilégio de andar pelo mundo e continentes e ver o quanto essa discussão é ineficaz.

Certa vez assisti a um culto na internet em que, se eu fechasse os olhos, voltaria ao século passado, lembrando que eu, sou do século passado! As mesmas músicas, a mesma forma de culto e liturgia que eu, mesmo sendo daquele século, não me encaixo mais. No entanto, outros se encaixam e adoram verdadeiramente a Deus daquela maneira. Mas qual o problema então Bispo? O problema é o desejo incontido de prevalecer e afirmar aquilo como “A” forma de adoração verdadeira.

Há um livro de D.A. Carson e Tim Keller chamado “Louvor” publicado pela Thomas Nelson, e um capítulo foi escrito por um anglicano, Mark Ashton onde ele tenta repensar o que Tomas Cranmer pretendia quando ele construiu o Livro de Oração Comum da Igreja Anglicana. Ele diz isso.

“nunca foi o desejo de Tomas Cranmer congelar a liturgia anglicana por séculos para acabar perdendo sua relevância cultural e reapresentar a obscuridade da igreja, aspecto que ele trabalhou duro para remover[1]

Deveríamos enxergar isso com os corações mais abertos, com maior flexibilidade, maior humildade e, menos espírito de julgamento. Tenho acompanhado a trajetória da adoração na igreja há algumas décadas e me entristece observar o juízo feito facilmente pelos que se consideram “históricos” contra os que eles consideram modernos (Worship) é o codinome dado e, vice-versa. Conheço adoração histórica vazia, repetitiva e sem espírito da presença e ao mesmo tempo observo ambientes do chamado show gospel das “Church” cheios de Deus e, vice-versa também.

Apresento aqui 5 aspectos que não podem faltar em nenhuma celebração, não espero sua concordância, mas espero seu bom senso, vamos lá?

  1. ORAÇÃO

Existem celebrações quase completamente desprovidas de oração. A única oração em todo o serviço as vezes é depois do ofertório ou quando pregador termina o sermão.  Não há orações de confissão, de intercessão, de ação de graças. Este é um padrão que temos visto crescer. A oração nos cultos se tornando rara e mínima em vez de comum e intensa. Me lembro de uma igreja que visitava na minha juventude por ter amigos ali. Havia oração no começo do culto é verdade. O pastor ou dirigente dizia “Vamos iniciar o culto com a oração do irmão “Fulano”. Confesso que morria de medo de que ele me chamasse um dia.

Sou anglicano e a liturgia anglicana não dispensa os momentos de oração no culto e a intercessão é parte intensa de nossa liturgia. Nossas intercessões vão desde o mundo, as nações, as missões o país, os governantes, presidente, governador, prefeito e autoridades e fazemos isso nominalmente, independentemente de quem sejam. Seguimos orando pelos enfermos, pela igreja, liderança e “descemos para a igreja local e seus líderes. Essa oração pode ser sim apenas um rito e se tornar algo enfadonho e protocolar. Nas nossas igrejas não permitimos isso e, clamamos com toda congregação, por cada um dos motivos

Um culto sem oração é um címbalo que retine

2. LEITURA DAS ESCRITURAS

Outro elemento que está se rareando nas celebrações é a leitura das escrituras. Houve um tempo em que a leitura da Bíblia nos cultos era dividida em 4 porções. Leitura do AT, dos salmos, das epístolas e do evangelho. Isso teve seu sentido no passado onde as pessoas sequer tinham acesso a bíblia.  

Na época, foram impressas 3.000 cópias – considerada uma grande tiragem para o período. Cada exemplar custava entre meio gulden e 1,5 guldens, a moeda do sul da Alemanha. Era uma bela soma em dinheiro, mas bem mais barata do que as versões anteriores do Livro Sagrado. “Antes de Lutero, você tinha que pagar o equivalente, hoje em dia, a um Mercedes Classe S por uma Bíblia impressa. No século 16, uma Bíblia de Lutero era vendida pelo mesmo preço que uma geladeira hoje em dia”, compara o teólogo Hartmut Hövelmann…[2]

Nos cultos se lia as lições do lecionário para que a Bíblia fosse exposta ao povo que também era em sua maioria analfabeto. Não vejo problema em se fazer essa leitura, desde que a mensagem do dia esteja nelas, para que todos possam refletir e não apenas ler. Mas o salto das 4 leituras para praticamente nenhuma, foi longe demais. Existem igrejas que seguem fazendo as 4 leituras e, muitas vezes pregam em um texto diferente, elevando-as para 5. Sem exageros e tornando a coisa mais dinâmica, todos tem acesso a bíblia que pode ser lida a qualquer momento. Nas nossas celebrações lemos os textos que serão expostos no sermão.

3. CONFISSÃO DOS PECADOS E CERTEZA DE PERDÃO

Tradicionalmente, os cultos protestantes incluíam uma confissão de pecados associado claro ao perdão de Deus. Vejo aqui em minha mesa o manual de liturgia da Igreja Luterana que, assim como as demais igrejas históricas possuem em seus ritos o momento de confissão, onde um dirigente conduz a congregação e em seguida clama pelo perdão de Deus. Isso é muito bom, traz alívio e renovo a cada um. É um momento solene, mas não triste e o perdão deve ser visto com a maior alegria possível. Observo que o problema as vezes está na maneira que se conduz. Já participei de momentos de confissão e perdão onde tive vontade de sair da igreja pelo peso de culpa que se colocou sobre as pessoas. Solenidade não é sinônimo de espiritualidade nem de reverência, a alegria é reverente também.

4. PREGAÇÃO ONDE A BÍBLIA É EXPOSTA

Quando Paulo escreveu ao jovem pastor Timóteo, ele o instruiu a pregar a Palavra

Na presença de Deus e de Cristo Jesus, que há de julgar os vivos e os mortos por sua manifestação e por seu Reino, eu o exorto solenemente: Pregue a palavra, esteja preparado a tempo e fora de tempo, repreenda, corrija, exorte com toda a paciência e doutrina. Pois virá o tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, sentindo coceira nos ouvidos, segundo os seus próprios desejos juntarão mestres para si mesmos. Eles se recusarão a dar ouvidos à verdade, voltando-se para os mitos. Você, porém, seja sóbrio em tudo, suporte os sofrimentos, faça a obra de um evangelista, cumpra plenamente o seu ministério. 2 Tm 4:1-5

Os cristãos há muito entenderam que a melhor maneira de pregar a palavra fielmente é pregar de tal forma que o ponto do sermão corresponda ao texto. O pregador precisa entender não apenas a redação da passagem, mas a intenção do autor em escrevê-la etc. Isso leva à uma interpretação e aplicação mais fiel. O advento do “Coach Brasileiro”, algo bem tupiniquim, uma verdadeira jaboticaba, as pregações tem seguido essa linha e assim seguem em diferentes igrejas, históricas, contemporâneas etc. o pregador fez o curso de coach e esqueceu o conteúdo da Bíblia. Escolhe alguns textos bíblicos e citando-os aqui e ali, segue afirmando o positivismo geral…você pode, você consegue, você vai sair daqui hoje vencedor… e por aí vai.

Por outro lado, os expositores radicais seguem dando aulas nos púlpitos e pouco aplicam à vida das pessoas. O púlpito nesses casos se tornou uma academia e quanto mais títulos, melhor. Mas as pessoas seguem dizendo: “o que isso tem a ver com minha vida? A pobreza de aplicação dos expositores e a pobreza de conteúdo dos coaches, tem gerado uma igreja desnutrida. Alguns históricos desnutridos enquanto outros “modernos desnutridos”. Precisam todos saber que quando um pregador não tem cultura bíblica se percebe facilmente na sua exposição.

5. ADORAÇÃO CONGREGACIONAL

Todos sabemos e se não, devemos saber que o objetivo das bandas de louvor é servir e facilitar, não atuar e performar. Isso não se discute. No entanto a música tem uma parte decisiva na adoração comunitária bem como no evangelismo. Eu me converti aos 23 anos de idade, era fã do rock e da boa mpb. Um dos grandes obstáculos a minha conversão foi a música nas igrejas. Levava minha mãe ao culto e as vezes ela pedia para eu ficar e eu ficava, mas aquilo era um grande sacrifício, sim aquela música me torturava. Me aproximei de cristo quando conheci os “meninos de Deus” (Jesus people) e por quê? Porque a música deles me chamou a atenção.

Para alguns o canto congregacional deve ser de tal forma que as vozes do povo sobem mais alto que os instrumentos e dos ministros da música. Muitos se queixam que as igrejas se afastaram dos hinos, canções que dizem tinham verdade profunda definida para melodias simples, mas belas. Concordo em parte os hinos clássicos são peças musicais. E podem ser usados hoje, se adequando em estilo e melodias mais ajustadas aos tempos atuais. Igrejas onde se canta a capela ou no máximo com um piano defendem que esse é o modelo “certo” e aí vem mais uma vez o erro. Será possível que não se compreendeu que não há estilo, volume, instrumento ou qualquer outra coisa que possa definir uma verdadeira adoração? Ninguém pode julgar a adoração de ninguém pois ela se define no coração. Existem címbalos sonoros nas igrejas históricas com os hinos assim como em qualquer outra igreja contemporânea. Quem se preocupar com repetição, com clamor pessoal etc. deve dar uma passeada nos salmos ou retirá-los de suas bíblias pois talvez pareça “worship” demais.

A Liturgia Anglicana pede que haja equilíbrio nas celebrações e para isso existe um “esqueleto” uma “coluna vertebral” Que promove esse equilíbrio e que Tomas Cranmer sistematizou muito bem, e toda celebração deve ter:

  • Adoração
  • Orações e intercessões
  • Leitura da Palavra de Deus
  • Pregação Bíblica
  • Momento de ofertório

Enquanto houver o desejo de prevalecer e definir o que seja a “verdadeira adoração? Nos moldes culturais e denominacionais, deixaremos passar a oportunidade de exercer a nossa fé, agradar a Deus e ver o “O senhor acrescentando aqueles que irão sendo salvos”

Miguel Uchoa

Bispo Anglicano


[1] Ashton, Mark. louvor: análise teológica e prática. 1 Ed Rio de Janeiro? Thomaz Nelson Brasil.2017. P62

[2] https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/deutschewelle/2022/01/15/oito-curiosidades-sobre-a-traducao-da-biblia-de-lutero.htm. Em 07.05.2022

A igreja cristã, sua essencialidade e o STF

A igreja cristã, sua essencialidade e o STF

Ninguém detém é obra santa…

Em um mundo que já enfrenta todo tipo de adversidade, crises e dilemas, a crise sanitária do novo coronavírus vem agravar toda essa realidade. Estamos convivendo com famílias, pessoas, empresas, escolas, comércio e todo tipo de agrupamento e deles ouvimos a mesma e clássica frase “as coisas estão difíceis”. E de fato estão e, a igreja é parte dessa difícil realidade e, enfrenta também seus grandes desafios. “não está fácil pra ninguém”.

Tenho acompanhado a discussão da essencialidade e sinceramente não acredito que ela esteja diretamente vinculada, nesse momento, à questão de ter ou não celebrações presenciais. Não resta dúvida que ela é essencial, a constituição federal garante essa essencialidade dando a fé (qualquer uma) o caráter de “inviolável”.

O debate sobre a essencialidade da igreja (fé) tem tomado a mídia, as redes sociais e alcançou o supremo tribunal federal (STF). Lamentavelmente, o rumo que esse mesmo debate tomou não ajudou a igreja a aproveitar essa imensa oportunidade e agir de maneira racional, para não dizer inteligente. Sem querer ser o “inteligente” aqui e, apenas analisando os fatos podemos observar tudo isso por diferentes ângulos.

O ângulo do estado _ O estado brasileiro, assim como tantos outros em diferentes partes do globo, estava despreparado para agir adequadamente e enfrentar a pandemia. No caso do Brasil claro ainda mais despreparado. Tudo se agravou pelo oportunismo político – partidário que transformou a pandemia em um campo de batalha no âmbito municipal, estadual e federal entre governistas e oposicionistas. Além disso, a endêmica corrupção eclodiu mais uma vez e os aproveitadores se “lambuzaram” usando a expressão de minha terra, buscando tirar vantagens sobre a população indefesa.

A classe política se dividiu entre aqueles que insistiram em minimizar a crise e a doença em si e do outro os que a supervalorizam buscando os dividendos ($) recebidos da união e as liberações de editais onde se faz ser desnecessária as licitações. Assim se abriram as porteiras para o descaso e a corrupção e, ao que parece, os números foram e são mascarados e os registros de causa mortis dados como covid 19 quando pessoas morreram de outras causas vem sendo noticiados por familiares. O Estado sabe, mas ao que parece, não quer lidar coma situação, como se faz necessário, por não ser interessante para ele. A pandemia passou a ser uma ferramenta de poder e manipulação.

O que me incomoda não são os decretos que limitam a presença na igreja, mas sim os dois pesos e as duas medidas que são colocadas pelos governos. Na paraíba por um tempo tudo estava aberto e liberado, mas as igrejas estavam fechadas, em Pernambuco mantiveram as concessionárias de veículos abertas e fecharam as igrejas e ainda se ouviu em grande audiência, um secretario de estado dizer: “todos tem o direito de comprar seu carrinho”. Sem falar nas eleições municipais onde candidatos aglomeraram multidões e depois, todos vimos os números crescerem vertiginosamente.

O ângulo da mídia_ dificilmente há no Brasil, quiçá no mundo, uma mídia isenta de interesses de todo tipo. Sim, acredito nas exceções, que no meu entendimento são raras. No Brasil, salvo essas exceções, a imprensa televisiva é um desastre, os noticiários servem de instrumentos manipulativos a uma população desinformada. Os noticiários fazem questão de mostrar os detalhes do sofrimento dos indivíduos que mais parece uma sessão de cinema de tragédia, chamando assim a atenção da população e gerando pânico. Isso mantem a população ligada e gera audiência que é o que a eles importa.   

O ângulo da Igreja_ A igreja, como já dissemos é essencial à população, sim é, mas também não é nenhuma novidade que a sua essencialidade não está, apenas, nas celebrações presenciais. Essas são a assembleia dos santos, lugar e momento em que a comunidade da fé acontece com intensidade e o conselho do escritor da carta aos hebreus em um contexto de guardar a fé é

Não deixemos de reunir-nos como igreja, segundo o costume de alguns, mas encorajemo-nos uns aos outros, ainda mais quando vocês vêem que se aproxima o Dia. Hb 10:25

Esse momento é sagrado e vital para a manutenção da comunidade da fé. No entanto a igreja e nós cristãos precisamos pensar estrategicamente e nos associarmos a todos que, de boa fé, estão dentro dessa batalha contra essa enfermidade. Ao longo da história a igreja sempre atuou com sua presença nas calamidades, pandemias e em situações em que a sociedade demandava a presença de uma voz e ação de misericórdia. Essa natureza é intrínseca da igreja de Jesus Cristo desde os primeiros séculos em que os cristãos eram conhecidos por serem aqueles que cuidavam dos doentes das enfermidades mais graves quando ninguém se dispunha a cuidar.

Acredito que é hora de, de como igreja, sermos esse braço de misericórdia, essa presença de amor e cuidado e exemplo para todos. Não vejo com simpatia a entrada da igreja em “brigas” intermináveis e com insistência solicitando a abertura dos templos para as celebrações presenciais. Vamos acordar para o fato, para a realidade, as pessoas estão morrendo, estão passando fome, a crise alimentar se avoluma e a presença da igreja precisa ser para mitigar essa dor dos enlutados e dos necessitados.

Se, como igreja seguirmos sendo o braço de misericórdia, se como cristãos, independentemente de bandeira denominacional, nos debruçarmos em servir, atender, aconselhar, consolar, criar campanhas de ajuda emergencial, levantar alimento, sermos voz ativa em meio a toda essa turbulência que vivemos e, nos preocuparmos menos comas celebrações presenciais, acredito que ajudaremos muito pois somos a maior força voluntária do planeta.

A Igreja, de maneira geral perdeu quando levou um apelo ao STF para a liberação das celebrações presenciais. Perdeu porque deu voz a um tribunal laico, desvinculado da vida eclesial, com suas próprias prioridades e interesses. E essa voz foi quase que uníssona de críticas às igrejas. Demos assim a oportunidade aos “gentios” julgarem os “justos” e nos darem lições de como agir em cadeia nacional.  A igreja, nas palavras de um pastor amigo, “foi achincalhada na suprema corte do país porque políticos e “pastores políticos” vendem a alma por poder a mamon… a noiva não merece isso, Jesus está chorando novamente

Nas nossas igrejas, temos seguido os protocolos e realizado celebrações presenciais dentro de todas as normas sanitárias, o número de fiéis presentes foi drasticamente reduzido, investimos em transmissões on line e estamos seguindo na missão. Mas, é fato que sentimos muita falta de estar na igreja local cheia de irmãos e irmãs, sentimos a falta do abraço amigo, da oração presente, do compartilhar olhando nos olhos… nada disso é o ideal mas talvez seja a nossa contribuição no momento Não podemos virar as costas e negar a realidade que estamos vivendo.

Creio que é tempo de sermos mais solidários e deixarmos esse “espírito cruzado”, essa mania de enxergar em tudo a sombra da perseguição. A igreja seguirá triunfando, foi ela a única instituição que viu e continuará vendo a ascensão e a queda dos impérios, reinados e governos… Como diz o hino “ninguém detém é obra santa

Meu choro não é livre!

Meu choro não é livre!

Meu choro não é livre, como disse a ancora da Globo @majucoutinhoreal.
Meu choro é por compreender o momento difícil e tentar sentir na pele a dor de quem está sofrendo, perdendo familiares e amigos. Meu choro é por todos que perderam algum familiar e amigos próximos. Meu choro é pelos desafios emocionais que muitos estão passando.
Meu choro é por quem está vendo seu emprego ir embora.
Meu choro é pelo vendedor de quiabo na rua, impedido pela polícia, e que clama para levar o pão aos filhos.
Meu choro é pelos empreendedores desse país que sofrem com os dois pesos e duas medidas.
Meu choro é por uma parcela da população que se deixa levar pela mídia corrompida e Interesseira e que no meio da dor, se distrai com suas novelas malignas, experts em desconstrução de valores.
Meu choro é pelo sofrimento de todo o mundo.
Mas meu choro não é livre, como de alguns atores “globais” que pedem ao povo para ficar em casa mostrando suas mansões e sugerindo “abrir um bom vinho, porque ninguém é de ferro”.
É privilégio de alguns poder ficar em casa, mas choro. Choro e procuro ver o que posso fazer… chego até a me irar, mas logo a Palavra me fala uma palavra de consolação:
“Pois a sua ira só dura um instante, mas o seu favor dura a vida toda; o choro pode persistir uma noite, mas de manhã irrompe a alegria. Salmos 30:5.
Não @majucoutinhoreal, o choro não é livre…

Eu choro pelo Brasil

Deus, a mulher, e o dia da mulher

Deus, a mulher, e o dia da mulher

Dia da Mulher nas escolas: como trabalhar a data de forma inspiradora -  WPensar blog – Tudo sobre Gestão Escolar

Ontem foi o Dia Internacional da Mulher… estive observando tudo o que se diz e quando faço isso, vejo que ainda existe alguns mal entendidos quanto a esse dia tão especial. Sinceramente, vejo homenagens, vejo declarações de amor, vejo muitas coisas ditas e nem sempre tem a ver com o que a data representa. Dizer que vocês são especiais não acho necessário, porque isso vemos a cada dia de nossa existência, dizer que minha mãe é minha heroína eu sempre disse. Homenagear as esposas etc. e etc…

Vejo nesse dia poucas referencias ao que essa data representa. Ela existe para dizer que a mulher tem DIREITOS, que elas não podem ser PRETERIDAS, que elas são CRIADAS À IMAGEM E SEMELHANÇA DE DEUS, e assim devem ser respeitadas por respeito ao Seu criador que assim as criou, e nela também se regozija. Nossa igreja crê nisso, crê que a violência, o preconceito, a exploração e toda diferença feita contra ela e que traga prejuízo a essa imagem é um crime, sim, mas acima de tudo é um pecado contra o Deus do universo, pois agindo assim estaríamos agindo contra o Seu plano perfeito.

Sou grato a Deus por ser parte de uma igreja que a valoriza, que a honra, que dá espaço para que ela se desenvolva, crie, ministre, abençoe e use todos os talentos que o criador a deu… E peço a Deus que a igreja cristã cada vez amplie mais o seu olhar sobre as mulheres, que abra espaços e lhes dê o direito que seu criador já as deu. Lamento pelos grupos religiosos, cristãos e não cristãos que alimentam essa discriminação e persistem no pecado. Rogo uma exegese mais apurada, uma hermenêutica mais aberta e assim, pedindo emprestado os olhos do criador enxerguemos elas como nossas parceiras, irmãs, colegas…

Às mulheres, desejo que sigam buscando isso e não se deixem levar pelos excessos de grupos suspeitos que levantam a bandeiras dos direitos, mas confundem com uma batalha de gênero. Lutem pelo seu espaço e nunca se permitam levar pelas bandeiras de ódio, de pecados contra a vida…sejam sempre mulheres, femininas que foram criadas para serem nossas companheiras e nos ajudar a construir uma sociedade mais justa.

Um dia escrevi um artigo que dizia algo mais ou menos lhe deu.  assim “queria que esse dia não fosse necessário” e é esse meu sentimento sempre que esse dia chega pois ele só existe porque houve e ainda há a necessidade de levantarmos a voz delas e fazer eco aos seus direitos.