O que oprime o pobre insulta àquele que o criou, mas o que se compadece do necessitado o honra. Provérbios 14:31
Foi essa a pergunta que minha esposa Valéria fez à guia turística que nos mostrava a cidade de Havana em Cuba a cerca de duas semanas atrás. A resposta veio de imediato “ no señora nadie los sabe !” (Não senhora, ninguém sabe)
Estivemos em Cuba para uma missão especial sobre o que não vou me deter nesse artigo para preservar a segurança daqueles que estão envolvidos no trabalho que ali realizamos e que está sendo realizado pela graça de Deus, apesar do regime cubano.
Inicialmente passamos 3 noites e dois dias na bonita cidade de Havana. Como turistas tivemos acesso a tudo de belo que a cidade tem, nossa guia era de uma agencia turística que pertence ao Governo, assim como o hotel que estávamos, o taxi que alugamos e o restaurante que usamos. Mas, nosso contato não foi apenas com essa simpática e “revolucionária” guia turística. A Moça era competente em florir a realidade Cubana, mas não pode omitir que o que ganhava não permitia que ela vivesse o mês e tinha que fazer outras coisas para sobreviver e os 20 dólares que demos de presente para ela, com certeza ajudou bastante no complemento da renda mensal.
Ela nos levou para ver o bairro aristocrata de Mira flores, a praça da revolução e outros locais que se assemelham às construções dos países da antiga “Cortina de Ferro” da Europa oriental, sempre imponentes. Além de termos visto o centro histórico onde uma pequena parte está restaurada. Perguntar não ofende e assim perguntamos se existem pobres ou ricos aqui em Cuba? Ao que ela, com veemência e quase iniciando um discurso político disse “ não, aqui não há pobres nem ricos” achei que não devia insistir perguntando sobre os mendigos que cruzaram nosso caminho. Entendemos que dali, não sairia nada mais do que um discurso pronto, para turista ver e, sendo nescio, se encantar. Mas até ali conclui que não há pobre em Cuba na mesma proporção em que os governos Petistas têm divulgando pelo mundo que o Brasil tem uma maioria de classe média.
Minhas fontes extra oficiais, gente da rua e do dia a dia me mostraram uma outra Cuba, vigiada de perto, temente de que uma dessas “primaveras” chegue por lá, o que espero não demore muito. Essas fontes me mostraram a realidade de uma pobreza institucionalizada e, que se vende para o mundo como o paraíso do caribe. De fato, existe um paraíso natural, um polo turístico dominado pelo Estado que apresenta o que muitos querem ver, prostitutas por todo lado, shows e belas praias, locais esses que os cubanos têm acesso proibido. Em conversa com alguns me foi dito que as mães introduzem as filhas nesse mundo pois essa é a única fonte de renda da família.
Os médicos cubanos se esforçam para entrar em uma missão como essa que está no Brasil, que mesmo recebendo uma mínima parte do ganho que o Governo Brasileiro paga, ainda assim é muito mais do que recebem no dia a dia de seu trabalho em Cuba, em torno de 28 dólares americanos, por isso ser camelô ou pedalar em uma bicicleta taxi nas horas extras faz parte da rotina de um pediatra ou dentista que precisa colocar comida na mesa de sua casa. Direitos humanos é algo que ninguém quer comentar e imaginei porquê.
A fé cristã cresce em Cuba, a igreja, mesmo diante de imensas limitações financeiras, estruturais, cresce nas ruas e se espalha. Ninguém detém, é obra santa. Células, pequenas congregações e um fenômeno que nunca havia visto, uma igreja na rua que congrega em uma praça mais de 600 pessoas em um domingo com chuva ou com sol, para ambos existe a sombrinha/guarda chuva e que nada possui senão o mais importante a fé no poder do Espírito Santo. Parabéns ao Pastor das ruas e a esse povo vibrante.
Seguimos para o interior, voamos em um Antonov 158, confesso que me preocupei, mas era um avião aparentemente novo e os voos de ida e volta foram tranquilos. Nossa missão no interior foi realizada com êxito, deixamos a liderança da igreja ali estabelecida, mas tudo teve que ser feito por detrás das cortinas, sob risco de detenção, mas o que seria isso depois de tanto ver a fé vibrante daquele povo.
Estivemos em um culto onde nos foi dito, “você não pode falar, pregar ou dirigir”, existem olheiros e nunca sabemos onde eles estão. Mas ver a fé daquele povo sofrido já nos foi suficiente para fortalecer ainda mais a nossa.
Vimos em Cuba o que estamos acostumados a ver nas periferias de qualquer cidade brasileira, mas aqui, assumimos isso, com exceção dos governantes, que por sermos a 7ª economia do Mundo parecem esquecer que estamos entre os piores índices de distribuição de renda deste mesmo mundo, e que as vezes disputamos fortemente com países como a Botswana.
A TV Cubana aberta é uma lástima de manipulação e a daqui não é? Perguntaria alguém, não, não como a de Cuba. TV Oficial que reproduz um canal da Venezuela e notícias do Equador e que todo tempo fala na Grande nação Sul Americana, uma neurose de Hugo Chaves e seus colegas, que tentam recriar o que se chamava da Grande nação (Equador, Venezuela e Colômbia) Não há nada do Brasil senão a Copa do Mundo, mas claro ninguém fala dos protestos.
Por fim, perguntei sobre o Porto financiado pelo Brasil, ao que me disseram: “Somos muito gratos ao Brasil, mas não sabemos como foi usado esse dinheiro aqui em Cuba, não há prestação de contas”, e eu pensei, nisso estamos empatados, nós também não sabemos foi rubrica secreta.
E existe algo bom em Cuba? Sim claro que existe. Um povo lutador e alegre, um sistema de saúde mais justo que o SUS, mas também corrompido, um sistema educacional simples mas onde todos têm acesso livremente. Mas, a pergunta da filha de um amigo lá continua: Para que vou estudar medicina?
E afinal de contas, onde mora Fidel?
Bom, a guia nos disse que ninguém sabia, mas esta semana a revista VEJA publicou uma matéria sobre esse assunto. Ele mora desde os anos 60, em uma ilha paradisíaca ao sul de Havana, com mordomias incontáveis Iate particular e outras coisas dignas de qualquer ditador ou governante capitalista e explorador como temos no Lago sul Brasiliense e em outros lugares deste planeta. Fidel esqueceu o que Aldous Huxley já havia predito, que o mundo se tornaria um grande Big Brother. Mas, alguém dirá, isso é coisa da veja! Não, não é. É um livro publicado pelo seu ex segurança com 20 anos de trabalho junto ao “Companheiro” e as fotos de satélite desse paraíso caribenho não foram tiradas pelo fotografo da revista.
Tenho vergonha quando vejo a presidente Dilma vítima de tortura fazer vênia aos líderes Cubanos, como quem deseja realizar um sonho adolescente, fazer um selfie e colocar em um porta-retratos. Não, a liberdade não tem preço! Quem cantava “Vem vamos embora que esperar não e saber!!! Não pode ir embora, calada de braços dados com esses algozes.