Mc 9:14-29; 1 Co 13:1-13
O amor é a fita métrica com a qual se mede o cristão
O amor é a fita métrica com a qual se mede o cristão
Roger W. Johnson
Jesus não permitiu que se fizesse as três tendas para que pudessem ficar no topo do monte experimentando a transfiguração. O desejo de Pedro foi natural, qualquer um de nós desejaria a mesma coisa, mas Jesus sabia qual era a missão e nunca hesitou em cumpri-la. Agora eles estão descendo o monte e encontram os outros discípulos rodeados de pessoas e um jovem possuído por um demônio e um pai desesperado.
Assim é conosco, a humanidade está gemendo de dores, o mundo que jaz no maligno está diante de nós e por isso não nos cabe estar contemplando exclusivamente a experiência da transfiguração, experimentando do gozo da presença plena sem prestar atenção no gemido do mundo. Seria de nossa parte uma atitude egoísta agir assim. O mundo e suas necessidades estava ao pés daqueles discípulos que, se dependesse deles, estariam no topo do monte gozando daquela impressionante experiência. Creio que não poucas vezes estamos sujeitos a agir da mesma forma, a nos acomodarmos a um cristianismo que contempla, mas que não age. Esse não é o cristianismo de Jesus. Como disse alguém, “ Igreja só é Igreja quando uma mão se estende ao alto em adoração e a outra se estende para baixo em socorro”
Jesus encontra aquela cena de apreensão e, como vimos, um pai que se desespera na tentativa de conseguir ajudar seu filho possuído por um espírito maligno. A cena é triste, chega a doer o coração quando, como pai que sou, imagino a cena. Os discípulos bem que tentaram expulsar aquele espírito mas não conseguiram. Jesus, como que num desabafo questiona a fé deles. Porque ele disse aquilo? Ora, não estranhe, Jesus já havia dado a eles autoridade, ensinado como se faz, eles já vinham experimentando o poder de Deus, mas mesmo assim, se viram incapazes de solucionar aquele problema. Não tiveram a autoridade suficiente para ordenar aquele espírito que se retirasse.
A verdade é que na vida cristã e especialmente no exercício do ministério cristão nos defrontamos com situações difíceis, momentos de luta onde nossas forças não são suficientes para resolver certos casos. Fugir disso é um sinal de dissimulação, e caminha para uma atitude hipócrita. no exercício do ministério cristão nos defrontamos com situações difíceis, momentos de luta onde nossas forças não são suficientes para resolver certos casos. Fugir disso é um sinal de dissimulação, e caminha para uma atitude hipócrita. Ao contrário, mostra uma atitude de humildade e reconhecimento de nossas muitas limitações e Deus, gosta de um coração assim.
O diálogo de Jesus com aquele pai em desespero pode também mostrar qual deve ser a nossa postura sempre. A resposta dele mostra a ambiguidade da fé , o paradoxo da fé e da descrença. Na realidade, queremos crer, e cremos, mas ainda estamos cheios de dúvidas. Claro que não gostamos dessa contradição interior e até certo ponto irracional, mas é assim que somos, frágeis. Jesus coloca com clareza, Deus pode tudo, mas você precisa crer. Um fato importante que me chama a atenção é o fato da compreensão de Jesus. Ele sempre nos compreende muito bem, entende nossas limitações e, diferente de pessoas que culpam sempre os outros pela ineficácia de suas orações colocando sobre eles o peso e a culpa da ausência de fé, Jesus os exorta sim, mas em seguida executa a obra, mostra mais uma vez o poder de Deus e ensina-os mais uma vez.
Lembro de alguém que me procurou com um peso em seu espírito pois ao ter se submetido a uma oração por uma pessoa e ter tido as promessa da cura daquele mal , dias depois fez o contato para perguntar o que fazer porque seu problema continuara, a sua frustração foi grande ao receber a resposta fria e desumana de que o problema era dela e o ocorrido se devia a sua ausência de fé. Não, de fato não é essa a postura de Jesus e por isso jamais deve ser essa a nossa postura. A verdade é que Jesus os consola dizendo que certas situações são especiais e por isso requerem uma postura especial ( Jejum e oração). Fugir disso, é fugir do que Jesus mesmo afirma.
Talvez você se encontre pensando sobre isso em sua vida, sobre as dificuldades que tem encontrado de viver e aplicar a sua fé no dia a dia de sua vida, nas barreiras que muitas vezes tem impedido a sua ação como cristão(ã), mas perceba que as palavras de Jesus são ao mesmo tempo exortativas e consoladoras. Ele está lhe dizendo, dedique-se mais a oração, jejue se for preciso, fortaleça-se, prepara-se pois neste mundo enfrentamos “castas” que nos desafiam a cada dia. Portanto vigie, ore e esteja atento(a).
O apóstolo segue em sua ministração sobre a necessidade, a aplicabilidade a relevância e o propósito dos dons espirituais. Seu ensino chega no dom do amor. A leitura desse texto não encontra seu sentido pleno quando lido isoladamente. Continua sendo verdade, sendo bonito, inspirativo mas, somente encontra seu propósito no contexto desse ensino, o ensino da relevância dos dons na igreja. Perceba que estamos refletindo sobre como cada dom tem um papel no corpo, como o corpo funciona com todos os dons como membros relevantes e, nesse momento ele coloca o amor como o dom que “tempera” todo o ensino. De nada vale todos esses dons, essas operações de milagres, esse movimento espetacular sem que esteja presente o amor. No episódio que me referi podemos perceber isso. Aquela pessoa que desejava apenas uma explicação, uma palavra amiga, um gesto de amor, um consolo para a sua fé que parecia debilitada, recebe um balde de água fria, uma palavra árida que tenta livrar-se de qualquer culpa pelo “não resultado” daquela oração imputando sobre o outro toda e qualquer culpa. Faltou o tempero do amor nesse contexto.
Um conselho que costumo dar às pessoas é que aceitem suas limitações, se compreendam como imperfeitos e deixem claro que não têm todas as respostas e que isso não significa em momento algum falta de fé, nem tampouco retirará sua autoridade espiritual. Tenho aprendido que meu papel orar sempre e o que vai além disso depende apenas de Deus e de mais ninguém. Nunca desanime pelos desafios que a vida lhe impõe, nunca se culpe por resultados não ocorridos, eles não dependem de você, mas essencialmente da soberana vontade de Deus.