O valor de um Homem deve ser  medido
pelas sementes que ele planta
E dizia: O reino de Deus é assim como se um homem lançasse semente à terra.
 Conheci Robinson Cavalcanti semeando o evangelho. Logo que me converti, dentro da UFRPE com a ajuda da ABU e dos jovens do Ponto Missionário em Boa Viagem, que mais tarde veio a se tornar a Catedral do Bom Samaritano. Assim, fui levado crer em Jesus Cristo e tê-lo como meu Senhor e Salvador. Ali escutei falar de Robinson e logo em seguida o conheci distribuindo alguns panfletos do MCDC (Movimento Cristão Democrático de Centro) no Congresso Nacional da ABU no Colégio Americano Batista onde  John Stott e Caio Fabio eram os preletores principais.. A partir daí, sempre que pude estive por perto, onde ele estava falando, liderando um estudo bíblico, pregando. Me lembro bem quando já estudava no STBN quando ele foi falar na capela em plena fase de luta pelo fim da ditadura, foi interrompido por um líder Batista da região que as gritos tentava impedir que ele continuasse sua fala.
Tenho inúmeras histórias que se iniciam por aí e cronologicamente terminam com nosso convívio no ultimo sínodo diocesano em 2011, exatamente aquele em que eu pude estar presente todo o tempo. No intervalo das férias eclesiásticas esse tempo foi interrompido. Nesse tempo muitas sementes vi semeadas em minha vida e na vida de inúmeras pessoas por esse incansável semeador chamado Robinson Cavalcanti.
Hoje, exatamente se passa um ano de sua partida para a presença do Pai. Sempre entendi que a vida de um homem se mede pelo que ele deixa. O legado do Bispo Robinson está exatamente espalhado nessas milhares de sementes semeadas em nossas vidas e nas vidas dessas milhares de pessoas que sempre admiraram o Cristão engajado, o preletor espirituoso que cativava as plateias seja com seu conteúdo seja com seu  humor inteligente.
Sementes de ousadia, quando denunciava a mente evangélica inerte, uniforme, cauterizada e enlatada.
Sementes de coragem, quando levantava a voz em meio ao abuso do poder eclesiástico dentro e fora de sua própria denominação.
Sementes de conscientização politica, quando escrevia, falava, militava por uma ordem politica mais social e mais justa
Sementes  de esperança, quando sonhava com uma Igreja como multidão madura.
Não, não poderia seguir adiante nomeando as sementes que ele plantou, com certeza me faltaria memória para ser justo com tudo que esse nosso irmão em Cristo semeou em sua breve vida, tragada de maneira brutal, juntamente com sua doce esposa e irmã nossa Miriam.
Nós nunca teremos uma explicação para muitas coisas que acontecem nessa vida e a partida do nosso Bispo e de sua esposa é uma dessas situações em que preferimos nos calar a tentar elaborar qualquer explicação. Não tentemos, não conseguiremos. Apenas entendamos que Deus escreve certo em todas as linhas, um dia tudo será mais claro para nós, um dia compreenderemos melhor aquilo que nossas imensas limitações não nos permitem fazer hoje.
Como Igreja-Diocese, temos uma tarefa adiante, a de tratar as sementes que aqui ele plantou, cuidar para que ela possa crescer e frutificar. O maior tributo que cada um de nós pode prestar ao Bispo Robinson hoje, é trabalhar com todas as nossas forças para a expansão e crescimento da igreja, para a formação de crentes maduros, conscientes, engajados na obra de Deus.. foi por isso que ele lutou toda sua vida, é por isso que eu quero me manter trabalhando.
Como Bispo Diocesano, tendo a tarefa de sucedê-lo na liderança dessa Igreja, quero fazer de tudo para que seu nome seja sempre lembrado como aquele que nos levou a vislumbrar a terra e, que mesmo sem nela entrar, sabia muito bem como ela seria, pois havia semeado essa semente todo o tempo.
                 
+ Miguel, Recife